Identificar novos derivados bioativos de substâncias
naturais e compostos sintéticos a partir da biodiversidade de países como
Brasil, Marrocos e Finlândia, com potencial terapêutico para o tratamento
contra o câncer, uma alternativa de terapias mais direcionadas e
personalizadas, levando a tratamentos mais eficazes e menos invasivos. Esse é o
objetivo de pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Amparado via Programa de Apoio à Ciência, Tecnologia e
Inovação em Áreas Prioritárias para o Estado do Amazonas (CT&I Áreas
Prioritárias), edital nº 010/2021, o estudo busca por novos tratamentos contra
o câncer, uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo, a fim de
entender suas origens, desenvolvimento e possíveis tratamentos para reduzir seu
impacto na saúde global, uma vez que as opções de quimioterapia atualmente
disponíveis são caras, têm uma crescente resistência e causam efeitos
colaterais intensos.
O estudo intitulado “Bioprospecção de compostos naturais
e sintéticos com potencial anticancerígeno e imunomodulador” é uma importante
contribuição para o desenvolvimento tecnológico da região. A procura por
substâncias naturais com propriedades anticancerígenas pode oferecer benefícios
como, por exemplo, menor toxicidade, redução de efeitos colaterais e também
custos mais acessíveis em comparação com as drogas sintéticas atuais.
O coordenador da pesquisa e doutor em Ciências Médicas,
com ênfase em imunologia, microbiologia e patologia, Gemilson Soares Pontes, do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), explica sobre a busca por
possíveis alternativas promissoras de substâncias naturais, com potencial
anticâncer e imunomodulador (moléculas que estimulam a resposta natural/específica
e moderam a resposta hiperativa), para alternativas terapêuticas no
futuro.
Até o momento, foram encontrados vários compostos com
potencial para o tratamento do câncer. Um destaque é um novo derivado de
piridina, que mostrou excelente atividade anticancerígena em testes in vitro e
in vivo. Outra descoberta promissora é uma fração de extrato da planta
Caralluma europaea, nativa do Marrocos. Essa fração demonstrou uma variedade de
atividades anticancerígenas, anti-inflamatórias e cicatrizantes nos testes
realizados.
“Vamos usar substâncias de laboratórios de várias partes
do mundo e modificar algumas delas para ver se conseguimos melhorar suas
propriedades. Utilizamos técnicas computacionais para prever como essas
substâncias podem funcionar”, disse Gemilson Soares.
Logo depois, foram realizados testes em células
cancerígenas e as normais para analisar a capacidade de eliminação apenas das
cancerígenas, sem prejudicar as saudáveis. O estudo também analisa como as
substâncias afetam o ciclo de vida das células do câncer e a possibilidade de
controle do crescimento das células.
“No final, esperamos encontrar compostos que possam ser
explorados em pesquisas in vivo para avaliar seus potenciais em tratar o câncer
sem causar grandes danos ao organismo. Se conseguirmos, isso poderia levar a
novos medicamentos contra o câncer que sejam mais seguros e acessíveis”,
completou o pesquisador.
O estudo, em desenvolvimento, ocorre em parceria com a
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade de Helsinque, da
Finlândia, Instituto de Química Orgânica da Academia Nacional de Ciências da
Ucrânia e Universidade Sidi Mohamed Ben Abdellah, no Marrocos.
Ao todo, a pesquisa gerou cinco publicações até o
momento. Leia mais a seguir sobre os resultados da piridina (http://tinyurl.com/4xweushw) e da planta Caralluma
europaea (http://tinyurl.com/4j922wh5).
Apoio da Fapeam
“O apoio da Fapeam foi essencial para este estudo, uma
vez que sem o aporte de recurso financeiro seria impossível realizar um estudo
tão complexo de grande abrangência, uma vez que se trata de estudo
multidisciplinar, interinstitucional e internacional”, disse o
pesquisador.
CT&I Áreas Prioritárias
O Programa visa apoiar propostas de pesquisa científica,
tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, nas diferentes
áreas do conhecimento, coordenadas por pesquisadores residentes no estado do
Amazonas, vinculados às instituições de pesquisa ou ensino superior ou centros
de pesquisa de natureza pública ou privada sem fins lucrativos, que busquem o
avanço e o aprofundamento das áreas do conhecimento e o estudo de seus
problemas e desafios, contribuindo com o desenvolvimento do ecossistema
científico, tecnológico e de inovação no Amazonas.