Pesquisadores e pesquisadoras do Amazonas e de São Paulo
analisam novas alternativas para serem utilizadas no tratamento de ferimentos
complexos da pele. O estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), tem como foco
produzir e avaliar a aplicabilidade de membranas eletrofiadas de poli-
ε-caprolactona (PCL), carregadas com óleos essenciais de andiroba e copaíba, e
utilizá-las como curativos, a fim de contribuir no processo regenerativo da pele.
Sob a coordenação da pesquisadora Karen Segala, da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), via Programa Amazônidas- Mulheres e
Meninas na Ciência, Edital Nº 002/2021, a pesquisa, em andamento, conta com a
parceria de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Doutora em Química, Karen explica que as membranas são
preparadas por eletrofiação, uma técnica utilizada para a produção de membranas
formadas por nanofibras poliméricas, que possibilita a incorporação de óleos
essenciais com comprovada eficácia no tratamento de feridas e inflamações na
pele, que podem atuar como princípios ativos com controlada liberação,
promovendo a aceleração no processo cicatricial de feridas cutâneas, como por
exemplo, as que são causadas por queimaduras.
Ela destaca, ainda, que o estudo busca colaborar na
diminuição da dor do paciente, por exercer o controle na troca e manipulação
dos curativos, proporcionando a redução de riscos decorrentes de internações
hospitalares prolongadas, gerando também menores custos (físicos e financeiros)
aos órgãos públicos de saúde.
“A expectativa é que essas membranas funcionalizadas de
baixo custo de fabricação possam contribuir no tempo de cicatrização por
retardar o efeito inflamatório das feridas, proporcionando maior conforto e
saúde ao paciente”, acrescentou a pesquisadora.
Intitulado “Preparação de membranas de baixo custo
modificadas com extratos vegetais do bioma amazônico com potencial efeito
cicatrizante no tratamento de ferimentos complexos”, a primeira parte da
pesquisa consistiu na preparação e caracterização dos nanomateriais e testes in
vitro, para posteriormente serem realizados os testes in vivo, que terão que
passar por análise e aprovação do Comitê de Ética para a aplicação em
pacientes.
“O alto índice de uso de antibióticos e tratamentos
invasivos na cura de doenças infecciosas da pele têm levado cientistas,
pesquisadores e profissionais da área médica a buscar métodos alternativos,
seguros e biocompatíveis com o sistema biológico”, disse Karen.
Programa Amazônidas
O Programa Amazônidas – Mulheres e Meninas na Ciência é
uma inciativa do Governo do Amazonas por meio da Fapeam, que visa estimular o
aumento da representatividade feminina no cenário de Ciência, Tecnologia e
Inovação (CT&I) local, por meio da concessão de auxilio-pesquisa para
despesas de capital, a fim de fomentar projetos de pesquisa, tecnologia e
inovação como uma ação afirmativa que visa à ampliação da participação feminina
na liderança de projetos de pesquisa científica.