O monitoramento de quelônios realizado na Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS) Uacari e na Reserva Extrativista (Resex)
do Médio Juruá, localizadas no município de Carauari (a 788 quilômetros de
Manaus), resultou na soltura de 280 mil filhotes ao longo de 2022. O intuito da
atividade é promover o aumento da população de quelônios na região.
A última soltura do ano ocorreu durante a realização da
tradicional Gincana Ecológica do Médio Juruá, que ocorreu na comunidade do
Xibauá no último dia 17 de novembro, reunindo cerca de 400 comunitários. O
encontro acontece anualmente, com a presença de comunitários das duas Unidades
de Conservação.
Neste ano, o evento contou com premiações para os
monitores de quelônios, apresentações de escolas, atividades culturais, além de
torneios desportivos. Ao final, os ribeirinhos foram até a Praia do Mandioca,
localizada na comunidade Vila Medeiros, onde 25 mil quelônios (tartaruga,
tracajá e iaçá) foram devolvidos à natureza.
Para o gestor da RDS Uacari, Gilberto Olavo, o alto
número de quelônios soltos é fruto do trabalho realizado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) junto
a diversas parcerias, na região do Médio Juruá.
“Em 2010 tínhamos 12 tabuleiros e 35 monitores,
resultando em 120 mil filhotes devolvidos à natureza. Já em 2022, com 19
tabuleiros e 51 monitores, saltamos para 280 mil filhotes. Estes são
indicativos de que estamos no rumo certo na conservação da biodiversidade. As
comunidades estão mais participativas e fortalecidas nesse trabalho da
sustentabilidade”, ressaltou o gestor.
Monitoramento de quelônios
O trabalho começa entre os meses de junho e setembro,
quando as fêmeas começam a desovar às margens do rio Juruá. Todo esse período é
acompanhado pelos comunitários e por 51 monitores, que realizam a contagem das
covas e dos ovos a cada ano, além da vigia dos tabuleiros instalados nas
praias, campinas e barrancos da região.
Os tabuleiros ficam espalhados pelas duas Unidades de
Conservação, sendo 14 na RDS Uacari, de gestão da Sema, e cinco na Resex, de
gestão do governo federal, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio).
Boa parte dos ovos eclodem naturalmente nos lugares onde
foram depositados pelas fêmeas. Já os ovos encontrados em locais de
vulnerabilidade são coletados e transferidos para uma espécie de berçário, que
imita as condições encontradas no habitat natural desses animais, onde
permanecem seguros até o período de eclosão.
Quando esses filhotes nascem, eles são realocados em
tanques até atingirem tamanho ideal para a última etapa do processo, quando
finalmente são soltos com segurança na natureza.
Graças à atividade de conservação e o aumento das
espécies na natureza, o Médio Juruá lidera a criação experimental de quelônios,
atividade licenciada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).
O objetivo é desenvolver uma nova cadeia produtiva sustentável na região,
promovendo renda para as comunidades a partir do manejo sustentável.
O trabalho de monitoramento de quelônios na região do
Médio Juruá é realizado pela Sema, em parceria com o ICMBio, a Associação de
Moradores Extrativistas da Comunidade de São Raimundo (Amecsara) e Associação
dos Moradores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Uacari (Amaru).
A atividade recebe o apoio da Associação dos Produtores
Rurais de Carauari (Asproc), do Instituto Juruá, do Projeto Pé-de-pincha da
Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da Fundação Amazônia Sustentável (FAS)
e da Prefeitura de Carauari.