O Centro de
Estudos Integrados, Infância, Adolescência e Saúde (CEIIAS), organização não
governamental mantenedora da rede ESSE Mundo Digital, lança hoje (21), Dia do
Adolescente, o projeto #SemAbusos #MaisSaúde. A campanha é financiada pela Tides Foundation, Google
Community Grants Fund e tem o apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
O principal objetivo é a produção e divulgação de materiais de sensibilização
sobre violência, abuso e experiências traumáticas, offline e online, para
melhor delinear intervenções, informações em saúde e estratégias de prevenção.
A ação é composta por uma pesquisa sobre
comportamentos atuais offline e online, para identificação da prevalência de
todas as formas de violência com adolescentes entre 10 e 18 anos e pelos quatro
vídeos que serão lançados hoje sobre a violência e direcionados para
educadores, profissionais de saúde e pediatras, crianças e adolescentes e
público em geral. Os vídeos estão disponíveis no canal do CEIIAS no Youtube e
no seu site.
O projeto #SemAbusos #MaisSaúde é resultado
de documento produzido pelo Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital, liderado
pela pediatra especialista em clínica de adolescentes e diretora do CEIIAS,
Evelyn Eisenstein, para a Sociedade Brasileira de Pediatria de mesmo nome
“#SemAbusos #MaisSaude”.
“Muitas pessoas não percebem que
grande parte do abuso sexual é influenciada pela mídia e também pela mídia
digital, quando se banaliza o encontro sexual e se desrespeita o corpo de
crianças e adolescentes que estão em fase de crescimento e também de
desenvolvimento sexual. Os conteúdos de violência sexual são monetizados nas
redes digitais e nas dark webs. Existe uma violência estrutural e intrínseca
nesses tipos de conteúdos”, disse a médica, em nota.
Palestra de lançamento
Hoje, especialistas vão se reunir com transmissão online, às 18h, para falar
sobre os vídeos e como cada um pode auxiliar na prevenção dos abusos. O acesso
pode ser feito pelo endereço https://youtu.be/gbNqPDt8Wlk.
Estarão presentes a diretora do
CEIIAS e coordenadora do grupo de trabalho Saúde Digital, da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP), Evelyn Eisenstein; o presidente da Sociedade
Brasileira de Pediatria, Clóvis Constantino; um dos diretores da Rede ESSE
Mundo Digital, Eduardo Jorge Custódio da Silva; a fundadora e coordenadora
executiva do Projeto Uerê, Yvonne Bezerra de Mello; e a consultora de pesquisas
da Childhood, Anna Flora Werneck.
Segundo Evelyn, é preciso conscientizar pais,
cuidadores, educadores, profissionais de saúde e pediatras sobre como a
ampliação do abuso sexual por meio da internet. Estudo da Tic Kids Online –
Brasil de 2021 com crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos de idade,
divulgado em agosto, mostrou que 65% dos adolescentes entre 15 e17 anos já
tiveram contato com pessoas desconhecidas na internet e 34% já se encontraram
pessoalmente com alguém que conheceu na rede.
“Pais e cuidadores têm a
responsabilidade moral e legal de orientar as crianças e os adolescentes para o
uso seguro da internet, a fim de evitar situações de risco. Por exemplo, muitas
crianças conversam online com pessoas que não conhecem, durante jogos em rede,
e nesse bate-papo um desconhecido pode pedir foto dessa criança em roupa de
banho ou sem roupa e, de forma inocente, a criança enviar. O conteúdo será
comercializado e, inclusive, pode ser usado para fazer o que chamamos de
sextorsion, quando alguém passa a extorquir outra pessoa ameaçando expor esse
material online”, disse a médica.
A cada hora são feitas, em média, 73
denúncias de violações a crianças ou adolescentes, de acordo com dados do
Disque 100. Os relatos vão desde agressão física, psicológica e abusos sexuais,
até a falta de acesso à alimentação e educação adequadas. Do total de denúncias
recebidas pela Safernet em 2019, 61% eram sobre pornografia infantil na
internet