Terezinha Máximo
perdeu a filha de 19 anos em 2017. A jovem vinha de um quadro grave de
depressão. Terezinha descobriu que o luto por alguém que comete suicídio é mais
do que se adaptar a não ter alguém que você ama: “Só pensava nela, porque ela
fez isso, o que que nós fizemos de errado, porque aconteceu. E se eu tivesse
feito isso, se eu tivesse feito aquilo. Eu pensei que eu fosse perder o juízo.
Eu precisava conversar com outras pessoas que passaram pelo mesmo para entender
como elas conseguiram continuar com a vida.” No mundo são cerca de um milhão de casos por ano,
segundo a Organização Mundial da Saúde. O impacto de cada morte em outras
pessoas pode ser muito maior do que o estimado pela OMS, de seis a dez.
A suicidologista Karina Fukumitsu, em seu livro
Sobreviventes Enlutados por Suicídio, cita outros dados desse impacto: “Hoje em
dia, infelizmente, eu não conheço ninguém que não conheça alguém que se matou.
Então esse número de cinco a seis impactados está muito defasado, quando a
gente olha um estudo da National Suicide Prevention trazendo esses números de
115 pessoas impactadas, que é mais agravante, mais necessárias as intervenções
e as ações para os enlutados por suicídio.”
Elis Cornejo, psicóloga, com uma pesquisa na
área, avalia que ainda faltam estudos aqui no Brasil. E fala do trabalho que
realiza: “Eu faço uma pesquisa para avaliar qual o impacto de suicídios
públicos, que ocorrem no centro de São Paulo. E ai a gente observa que não
apenas familiares, amigos, mas também quem observa, presencia, ouve, também é
impactado. E ai a gente pode dizer que esse número é muito maior. No mínimo 135
pessoas para cada suicídio ocorrido.”
O dado citado por Elis é de outro
estudo feito nos Estados Unidos.
E quais os sentimentos vividos por um
sobrevivente enlutado? Karina Fukumitsu explica: “Obviamente, a tristeza, a
indignação, a culpa, a sensação de que deveria ter feito alguma coisa
diferente, a isso é permanente nos enlutados, a sensação de abandono , de
rejeição, de impotência.”
Para Karina, o porquê, é uma
pergunta que não tem resposta. E sobre o lidar com essas emoções a importância
dos grupos de apoio e dos profissionais de saúde a gente fala na próxima
reportagem.
E se você conhece alguém que está passando
por um momento difícil e precisa de ajuda o SUS oferece uma estrutura de
atendimento à população de graça. Tem ainda o Centro de Valorização da Vida no
188 e site.